A Viagem do Martelo no Leito do Watú

Ponto de Cultura ACDLC Inicia a Descida do Rio Piracicaba no Projeto Cultural “A Viagem do Martelo”

Elizeu Assis – Jornalista 0018323/MG

Neste sábado (21) a equipe da Associação Comunitária de Desenvolvimento e Lazer de Carneirinhos (ACDLC) deu início à descida do Rio Piracicaba no projeto cultural “A Viagem do Martelo no Leito do Watú”, com o primeiro trajeto intitulado “Pirá Syk Aba”. O evento, realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo e com o apoio do Ministério da Cultura, Governo Federal, Casa de Cultura de João Monlevade e da Prefeitura Municipal de João Monlevade, marca o início de uma expedição que busca resgatar talvez a maior odisseia ocorrida no Brasil Colônia: a história e as contribuições do engenheiro francês Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade, pioneiro na produção de aço no Brasil.

Cultura do Aço e Pioneirismo de Monlevade

Jean Monlevade, que chegou ao Brasil em 1817, revolucionou a produção de ferro na região de Minas Gerais. Com sua expertise em mineralogia e geologia, ele construiu a primeira forja catalã no Arraial de São Miguel, atual João Monlevade. Utilizando equipamentos adquiridos na Inglaterra, sua fábrica tornou-se uma das mais relevantes do período imperial, produzindo itens diversos, como enxadas e freios para animais.

O projeto busca refletir sobre os desafios enfrentados na época para o transporte do maquinário de ferro, que percorreu mais de 300 quilômetros pelo Rio Doce (Watú) até o local onde seria instalada a fábrica de Monlevade.

Entre os objetivos principais da iniciativa estão a produção de um documentário científico, histórico e cultural sobre a cultura do aço e a contribuição de Jean Monlevade; a reflexão sobre os impactos históricos e culturais promovidos pela chegada do engenheiro ao antigo Arraial de São Miguel e a analise de arquivos históricos, imagens e relatos para construir um registro detalhado dessa importante etapa da história regional.

O projeto ainda ressalta a importância de registrar o transporte do martelo de forja e da forja catalã pelo Rio Doce e Piracicaba, desbravando um percurso repleto de desafios como cachoeiras e conflitos com os indígenas botocudos. Essa iniciativa é relevante para compreender o papel do pioneirismo industrial na formação histórica e cultural de João Monlevade, um município que nasceu da interação entre inovação tecnológica e a rica territorialidade mineira.

A Descida do Rio

O trajeto inaugural, Pirá Syk Aba, celebra o legado do Rio Piracicaba, que desempenhou um papel central no transporte e no desenvolvimento da região. O evento também reflete sobre a resiliência dos indígenas que participaram dessa jornada histórica e sua perspectiva sobre os objetos que transportavam, como o impressionante Martelo e a Forja de Monlevade.

Equipe e Coordenação

O projeto é coordenado por Elizeu Antônio de Assis, doutor em História, professor e pesquisador de temas que exploram cultura e memória regional, com experiência em gestão cultural. A equipe interdisciplinar reúne profissionais de diversas áreas, incluindo Marcelo Vieira Barbosa (Marcelo Sputnik), fotógrafo e ambientalista com trajetória em registro cultural e audiovisual; Letícia Araújo Barbosa, videomaker e estudante de Linguagem de Mídia na UFF; Vitor Hugo Sartori Barbosa, especialista em fotografia e vídeos de esportes radicais; César Augusto Luz, mestre em Saúde Pública, jornalista e comunicador social; Kaua Kirk, estudante de Sistemas de Informação pelo ICEA UFOP; Fernando Garcia Fonseca, advogado, roteirista e estudioso da história de João Monlevade; e Pedro Luna Augusten, empresário e técnico em eletrotécnica com experiência em marketing e gestão estratégica. Juntos, unem história, cinema e tecnologia para criar um documentário transformador, conectando o passado ao presente em um diálogo rico e inovador.

A descida do rio Piracicaba marca o início de uma viagem não apenas física, mas também cultural e histórica, revisitando as raízes de uma região moldada pelo aço e pela determinação de seus pioneiros.

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