Não Aceite Doce de Estranhos

Capixaba radicada em João Monlevade, a advogada e ativista social Sheila Malta, participa neste mês da Mostra Internacional de Arte Contemporânea – Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Mostra Internacional dedicada a todas as crianças e adolescentes , em especial, a menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, cuja na data de 18 de maio, infelizmente remete ao crime horrendo do qual ela foi vítima e que vitima todos os anos milhares de crianças em todo país:

Há 50 anos o caso Araceli começava a repercutir. Uma criança saiu da escola, nunca mais voltou para casa e foi encontrada dias depois sem vida. Como forma de prestar tributo a esta história, a artista capixaba Vania Caus reuniu artistas latino-americanos para prestar homenagens à pequena Araceli na exposição Não Aceite Doce de Estranhos. A mostra acontecerá na Assembleia Legislativa do ES a partir do dia 18 de maio até o dia 02/06.

Serão esculturas, pinturas e instalações em que os 16 artistas convidados irão expressar suas impressões sobre o caso Araceli. “A primeira notícia do horror a gente nunca esquece, fui marcada a minha vida toda por esse caso, teríamos a mesma idade hoje. Como transformo tudo que sinto em arte, não pude deixar de reunir essa exposição que conta com uma expografia atravessada pela transparência, pela dor e pelo amor”, explica Vania Caus, artista plástica e curadora da mostra.

O caso Araceli transcende gerações no país inteiro e foi marco para o Dia da Luta Contra o Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Não Aceite Doces de Estranhos é uma das atividades do projeto Amar se Aprende Amando, que ocupa espaços públicos partir da poética drummondiana.

Vania Cáus – artista visual e curadora independente

No dia 18/05 será feita uma transmissão no insta do projeto amar se aprende amando sobre a exposição

Essa pintura é de uma das artistas que estará expondo(o banner). Esse bonequinho era carregado pela menina Aracelli.

Foto no perfil de @svacmalta

Terá também um viés político, no sentido de que haverá um debate sobre o caso.

O Caso Araceli refere-se à morte da menina brasileira Araceli Cabrera Sánchez Crespo (São Paulo, 2 de julho de 1964 — Vitória, 18 de maio de 1973), de oito anos de idade, assassinada em 18 de maio de 1973. Seu corpo foi encontrado seis dias depois, desfigurado por ácido e com marcas de violência e abuso sexual. Os principais suspeitos, Paulo Constanteen Helal e Dante Michelini, pertencentes a famílias influentes do Espírito Santo, foram condenados pelo crime em 1980. No entanto, em novo julgamento, em 1991, os réus foram absolvidos após extensivo reexame do processo. Em 2000, o Congresso Nacional instituiu o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes na data da morte de Araceli.

A vítima
Araceli era a segunda filha do eletricista espanhol Gabriel Crespo e da boliviana radicada no Brasil Lola Sánchez. Nascida na capital paulista, chegou a morar com os pais e o irmão mais velho na cidade de Cubatão, no mesmo estado. Como Araceli, ainda bebê, sofria com a poluição da cidade, a família decidiu mudar-se para o estado do Espírito Santo. Viviam numa casa modesta, na rua São Paulo (hoje rua Araceli Cabrera Crespo), no bairro de Fátima, na cidade de Serra, vizinha a Vitória.

Desaparecimento
Em 18 de maio de 1973, a ausência de Araceli foi notada pelo pai quando a menina não voltou para casa depois da escola, o Colégio São Pedro, na Rua General Câmara, no bairro da Praia do Suá, em Vitória. Pensando se tratar de um sequestro, distribuiu fotografias da filha aos jornais locais.

Seis dias depois um corpo foi encontrado em um matagal na Praia do Suá. Apesar de se encontrar em avançado estado de decomposição, o pai de Araceli acompanhado pela imprensa inicialmente reconheceu o corpo como o da filha, embora as autoridades tenham informado que o estado psicológico dos familiares não permitia realizar um reconhecimento adequado. Dias depois, o corpo não foi reconhecido pela família, enquanto as autoridades resolveram reconhecer o corpo, gerando uma controvérsia encerrada mais tarde após nova perícia realizada quase um mês depois.

Após a divulgação do caso na imprensa local, surgiram boatos dos mais diversos sobre o desaparecimento. Uma pista seguida pela imprensa foi a de que Araceli foi vista em companhia de uma mulher loira. Uma denuncia sobre uma criança com as características de Araceli perambulando pelas ruas de Nova Venécia (cerca de 250 quilômetros de Vitória) levou uma equipe policial ao local. Lá encontraram a criança e descobriram que não se tratava de Araceli. Em Vitória, a comoção pelo desaparecimento levou a realização de uma grande procissão em prol da localização da criança. A polícia deteve vários suspeitos do desaparecimento, entre eles uma cartomante que havia “previsto” um roubo dias antes na casa da família de Araceli. Em trinta dias, a polícia não tinha nenhuma pista e a imprensa e a cidade de Vitória viviam um frenesi por informações sobre o desaparecimento.

Em meio aos boatos, em 15 de junho, um suposto sequestrador entrou em contato telefônico com a família exigindo cinquenta mil cruzeiros para libertar Araceli. A família aceitou pagar o resgate e aguardou uma segunda ligação para acertar o local da entrega do resgate, porém o suposto sequestrador desapareceu. Passado mais de um mês do desaparecimento, a imprensa capixaba passou a criticar o trabalho policial de apuração do caso. Um jornalista chegou a pedir que a polícia local buscasse auxílio com a polícia da Guanabara e ou com os órgãos de inteligência do Exército Brasileiro. Em 19 de junho amigos da família ofereceram uma recompensa de 20 mil cruzeiros sobre pistas que levassem ao paradeiro de Araceli.

Durante a investigação do desaparecimento, a polícia do Espírito Santo solicitou discretamente auxílio do governo da Guanabara para tentar identificar novamente o corpo encontrado anteriormente, cujo reconhecimento inicial acabou gerando dúvidas. O perito Trajano Moreira de Carvalho realizou a investigação e, em 20 de junho, reconheceu o corpo como sendo de Araceli.

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